panorâmicas

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a evolução do homem

sexta-feira, 7 de março de 2008

não belisca

andei mais duas quadras pra passar no seu trabalho. virei na outra esquina pra espiar seu portão de casa. sentei na mesa ao lado no bar no sábado a tarde. dei uma olhada discreta na hora que você passou folião no carnaval. se fui vista? não sei. esse mistério delicioso e essa relutância programada durou tempo. uma expectativa infantil, um sonho adolescente. quem é você? além do rapaz da loja, do bebedor do barzinho, do morador da rua detrás. além de todas as formas que você sempre se impôs em minhas fantasias, o que mais seria você? num impetuoso atropelo, numa pressa instintiva, uma mensagem, um adeus, um sorriso ingênuo te revelaram. quem continuaria sendo você, se eu tivesse te mantido imaginário?te ouvir foi te rascunhar.te encontrar foi te projetar.te beijar, ah!, te beijar, foi te apagar.eu mesma me belisquei, e assim, borrei por fim a melancólica maravilha que era te criar.

(maria fernanda)

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