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a evolução do homem

quarta-feira, 26 de março de 2008

carnaval na bahia!

foram anos de expectativa. foram segundos de constatação. desde minha infância, passei os carnavais no sul do país. lá o feriado de carnaval tem uma conotação de um grande feriadão, cuja quarta-feira nos revela o verdadeiro fim do verão; as férias acabaram e agora o ano começa pra valer. aliás, lá, aqui no nordeste, centro-oeste ou em qualquer lugar do brasil, isso é o fato. o carnaval encerra a temporada. no sul, a tendência é irmos à praia, com amigos, parentes, família, namorado, para curtir os quatro dias de happy end. na areia, na piscina ou saindo à noite às baladas e bares, que estão mais cheios que em toda temporada (ouvindo um pouco de axé com pagode e samba no ritmo frenético mais que o habitual), quando na quarta, é mandatário pegar congestionamentos homéricos nas rodovias para voltar antes do meio-dia. pela televisão, contemplam-se os desfiles na sapucaí, os shows magníficos em salvador e recife, os blocos organizados, a venda de abadás e ingressos. pela televisão. lá não há carnaval de rua, não há a tal festa popular. mas desde a adolescência ouço falar do carnaval do nordeste, em especial claro, o carnaval da bahia. e esse ano, foi o ano da revelação: “finalmente vou passar meu primeiro carnaval na bahia”. e fui. e vi. e ouvi. e reparei. e por fim, verifiquei. quando me vi no meio da multidão, esperando o bloco passar, fui tomada pela seguinte e objetiva pergunta: “é isso? esperei tanto tempo pra isso?”. ressalto aqui que em nenhum momento essa indagação soou um sentido de decepção ou degradação da festa. não sei quanto de sonho eu trazia dentro de mim e também não sei ao certo descrever o que eu esperava encontrar, porque nem eu sei honestamente o que eu imaginava que seria meu primeiro carnaval na bahia. só posso dizer que a realidade confrontou meus dois extremos: minha expectativa era completamente diferente da minha constatação. nem melhor, nem pior. apenas, e muito, diferente. de início, fiquei observando atenta e curiosa a todos os passos e acontecimentos, como se quisesse registrar aquilo pra eternidade. aos poucos, fui reparando nos detalhes, nas peculiaridades de cada folião, na alegria que cada um traz consigo. já com algum tempo, meus pés começaram sozinhos, timidamente, a bater as pontinhas no chão, e o quadril balançando pra lá e pra cá, debilmente. o acanhado corpo, aos poucos, contagiou-se, e quando passava das duas, estava agitando os braços no meio de todos. não posso dar uma nota a minha primeira experiência baiana. contudo, posso afirmar com toda a certeza: a expectativa é a mais ardilosa maquiagem. te faz viver duas vezes a mesma experiência: a vida antes, e a vida agora.

(maria fernanda)

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