panorâmicas

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a evolução do homem

sábado, 16 de fevereiro de 2008

deixa o tempo comigo

não preciso de ninguém dizendo onde está errado; ou que ele não te merecia; ou pior, que você merecia coisa melhor. não preciso do racional, do sensato, do justo. não aquele politicamente correto do seja forte, enfrente, lute, vá adiante. não preciso ninguém me apontando os defeitos e as falhas, porque estou vendo todas, e tanto estou vendo, e tão bem, que estou sofrendo. se a gente já não soubesse que está errado, e se a gente já não tivesse certeza que merecia coisa melhor, ou se a gente não fosse tão racional e justo, tão sensato e forte, se a gente não tivesse certeza de que uma hora vai passar, a gente se jogava do décimo andar, com cem quilos de arroz amarrados no corpo, pra queda ter mais peso e com a boca cheia de formigas pra queda ser bem dolorosa! a gente tá lutando sim, pra caramba. o que nos falta, e aí, isso são poucas as pessoas que conseguem perceber, é mimo. é aquele carinho, aquele cafuné descompromissado de resposta, aquele abraço, sem perguntar se você está melhor, porque é óbvio, pela sua cara, você não está melhor. é aquele afago na alma, dizer que sofreria por você, que não quer te ver triste assim, mas que se te escuta chorando, não vem com o discurso longo; se te vê chorando, te puxa a coberta, fecha a cortina, e deixa você quieta no seu canto. é desse tipo de carinho que a gente precisa. o carinho calado mas que fala mais alto. é esse carinho que faz você ter vontade de falar de vez em quando, e de repente, te faz se sentir perdendo tempo, e por um lapso, no meio do vazio, a gente levanta e faz uma coisa nova e volta ao casulo. mas essa oscilação do vai e volta, do estar bem estar mal, aí, é o começo, a glória, o início de uma nova fase, que muitas vezes, demora passar, mas, a gente sabe, não precisa repetir com cara de sabichão, passa, passa sim. deixa o tempo conosco, e deixe conosco o que a gente faz com o nosso tempo. uma hora, o tempo passou, a dor passou, e a gente fez dele, com ele, o que de melhor pôde.

(maria fernanda)

Um comentário:

Unknown disse...

E como é isso que a gente precisa!!! Alguém que não nos queira recriminar porque de recriminação o nosso próprio coração está cheio. E essa é a recriminação que mais dói. A gente só quer alguém que ouça o que a gente tem para falar, ou não tem...